Na era digital, é muito comum que crianças e adolescentes tenham sido expostos à tecnologia na infância. A família usa o celular, o computador e a televisão constantemente de forma passiva, assistindo e lendo conteúdo, ou de forma ativa, interagindo com aplicativos diversos e se comunicando por textos, áudios e vídeos.
Por isso, o primeiro impulso das crianças é imitar a família, e às vezes ficamos até surpresos com a rapidez com que os pequenos aprendem os gestos e comandos do celular. Apesar dos aspectos positivos da tecnologia na infância, precisamos estar atentos aos males do excesso de telas para a saúde e desenvolvimento físico e social da criança, evitando que passem todo o seu tempo livre sozinhos com internet e games, perdendo momentos de convívio social com família e amigos.
Evitar o acesso precoce e desmedido de telas é importante para manter a diversidade de atividades e descobertas da infância e adolescência.
Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que a exposição às telas e o uso de tecnologia sejam controlados pelos pais ou responsáveis, especialmente durante a primeira infância. As indicações de restrição de acesso aos dispositivos variam de acordo com idade, níveis de autonomia e desenvolvimento da criança.
INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: MENOS TELAS E MAIS DESCOBERTAS NO MUNDO
De acordo com a SBP, para crianças de até 2 anos de idade o recomendado é evitar a exposição às telas de celulares, tablets e televisão durante as refeições e nas 2 horas que antecedem o horário de dormir. As telas podem deixar os bebês agitados, prejudicando seu sono e alimentação, e tirando o foco dos momentos essenciais de descoberta e exploração dos sentidos.
Entre os 2 e 5 anos, a criança passa a explorar o mundo de forma mais ativa e independente. Nessa fase, recomenda-se que a exposição às telas digitais seja de 1 hora por dia, no máximo. Atenção para a presença de televisão e computador no quarto: até os 10 anos de idade, o ideal é que o espaço de dormir da criança não tenha esses aparelhos.
Para os adolescentes, caso tenham computador próprio, é prejudicial permitir que passem muito tempo sozinhos no quarto, pois eles podem trocar horas de sono e descanso pela internet e videogames. Outro ponto importante é o sedentarismo desencadeado pelo uso da tecnologia, que pode ser evitado com a prática regular de atividade física.
DIÁLOGO E SENSO CRÍTICO SÃO ESSENCIAIS
Outro fator importante a ser considerado no uso de tecnologia por crianças é o significado que elas extraem das mensagens e atividades na internet. Crianças menores de 6 anos precisam de supervisão mais rigorosa com o teor dos conteúdos a que são expostas, pois ainda não desenvolveram seu senso crítico de distinção entre fantasia e realidade, sendo facilmente influenciadas por mensagem e jogos que promovem a banalização da violência.
Apesar de muitos aparelhos oferecerem o recurso de controle parental, que permite que a família bloqueie canais e sites indesejados, também é necessário ter atenção com o que estão acessando nas redes sociais, já que o conteúdo inadequado pode ser encaminhado através dessas mídias em grupos e perfis nocivos. Caso encontre histórico de conteúdo e mensagens inadequadas, o indicado é que a família mantenha um diálogo aberto, explicando que a internet é um ambiente aberto e nem sempre confiável, e por isso é preciso ter cautela com o que é acessado e publicado.
Diálogo receptivo, transmissão de valores, definição de limites claros e justos e valorização das atividades offline em casa e na escola são boas maneiras de conscientizar crianças e jovens para que utilizem tudo o que tecnologia pode oferecer sem prejudicar seu desenvolvimento físico, mental e social.
Fonte: Manual de Orientação – Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital. Disponível em http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf.