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Desenvolvimento profissional no ensino de idiomas ao seu alcance

Quando pensamos em desenvolvimento profissional no ensino de idiomas, é comum associarmos a imagem de um crescimento vertical na nossa carreira, na qual novos postos são galgados e um conjunto de qualificações são amealhados ao longo da vida.

Tal situação nos possibilita usufruir de um certo status dentro e fora de nossa área de atuação. Ter como metas esses objetivos são desejos legítimos e certamente contribuem para o nosso crescimento, mas não deveríamos restringir o entendimento de desenvolvimento profissional a isso.

Desenvolver-se profissionalmente deve ser percebido, entre outras coisas, como a possibilidade de encontrarmos elementos de motivação de modo a proporcionar sentido às diferentes fases profissionais pelas quais passamos. Fazer algo novo, mesmo que considerado simples, pode ser esse elemento motivador.

Uma nova atividade ou habilidade desenvolvida não levará necessariamente a uma nova posição em uma instituição de ensino, por exemplo (e talvez nem seja mesmo esse o objetivo), mas certamente contribuirá para que você desempenhe antigas tarefas a partir de uma nova perspectiva e mais importante, poderá tornar seus dias de trabalho mais prazerosos.

Outro pensamento recorrente é o de acreditar que o desenvolvimento profissional acontece irremediavelmente de maneira formal ou ainda que só possa acontecer caso a instituição para qual trabalhamos o promova. No entanto, igualmente valiosos podem ser os percursos pelos quais nos desenvolvemos de maneira informal (sem resultar numa qualificação ou certificação, por exemplo) e em contextos não atrelados ao nosso local de trabalho.

Tendo essas perspectivas em mente, vislumbramos algumas possibilidades bastante tangíveis de continuarmos nos desenvolvendo profissionalmente no nosso dia a dia.

Familiarizar-se com uma nova ferramenta digital

Independentemente do seu nível de letramento digital, sempre haverá uma ferramenta nova que poderá tornar o trabalho mais fácil, mais rápido e nossas aulas mais eficientes. Não se defende aqui o uso de novas tecnologias per se, pois podemos cair no erro de darmos apenas novas roupagens a práticas tradicionais, ou menos ainda motivar uma ansiedade desnecessária em ter que usar a última ferramenta.

Para os que se sentem menos confortáveis com tecnologias digitais, o segredo é sempre ir com calma. O objetivo não é dominar todas a ferramentas que um colega já domina, mas apenas o de expandir o seu repertório de possibilidades de modo que aquele novo conhecimento traga sobretudo qualidade de vida para você.

É natural do ser humano buscar situações de conforto e domínio do contexto ao seu redor. Por conta disso, muitos professores ficam apreensivos com a possibilidade de enfrentarem problemas ao usar essa ou aquela ferramenta digital perante os alunos. Antes de mais nada, nesse terreno, talvez mais do que em outros, é preciso entender que erros irão acontecer, e que aprender com esses erros é parte inerente do processo de desenvolvimento.

Um aspecto bastante positivo do processo de aprendizado de uma nova ferramenta digital é que esse pode ocorrer em momentos bastante informais: uma conversa num horário vago com um colega que já domina a ferramenta; um bate-papo com um filho adolescente que usa uma determinada ferramenta para outros propósitos que não pedagógicos, ou um tutorial rápido no YouTube com usuários mais desenvoltos. Em nenhum desses exemplos demanda-se um curso para que possamos nos desenvolver.

Com a realidade da pandemia, a grande maioria dos professores viu-se obrigada, do dia para noite, a procurar caminhos os mais diversos para dar conta de um ensino remoto. E nesse contexto as ferramentas digitais tiveram um papel central.

Entre erros e acertos, incertezas e reflexões, novas possibilidades foram surgindo e certamente algumas delas farão parte do nosso repertório de boas práticas mesmo em contextos presenciais. Se conseguimos fazer tanto de maneira tão inesperada, por que então não adotarmos a boa prática de, sempre que possível, conhecer uma nova ferramenta digital?

Encontrar novos caminhos em um mesmo campo

Principalmente para aqueles que já estão há algum tempo atuando profissionalmente, é mais do que comum que em um determinando momento da carreira surja a necessidade de abraçar novos desafios. A busca por novos caminhos profissionais não implica necessariamente em lançar-se numa área de atuação completamente diferente e deixar para trás todo o conhecimento que você já construiu.

As habilidades e conhecimentos desenvolvidos como professor de inglês, por exemplo, serão essenciais para aqueles que querem se tornar um desenvolvedor de conteúdos educacionais, um teacher trainer ou um executivo do ramo editorial.

Às vezes, os novos caminhos estão ainda mais próximos. Não é raro que muitos professores desfrutem de habilitações em línguas distintas e que tenham atuado quase que majoritariamente em apenas uma delas. Não seria talvez o momento de se “aventurar” um pouco no ensino daquela língua que ficou como segunda opção por tantos anos? Não restam dúvidas que muitas das estratégias desenvolvidas como professor de língua estrangeira serão úteis no ensino da língua materna e vice-versa.

O encontro com novos desafios e, por conseguinte, com o desenvolvimento profissional pode ser decorrente ainda de uma simples mudança de segmento. Ensinar inglês para uma criança de oito anos é diferente de ensinar a mesma língua para um adolescente de treze, que é bem diferente de preparar um jovem para entrar na universidade. Cada segmento demanda habilidades e estratégias distintas do professor, e a possibilidade de atuar em um novo segmento pode se reverter em desenvolvimento profissional.

Nesse âmbito, a atuação no ensino de línguas em projetos bilíngues tem sido alvo de interesse de muitos profissionais. Embora o termo ensino bilíngue seja bastante amplo e compreendido de formas diferentes a depender dos suportes teóricos levados em consideração e por quem ele é utilizado, é inegável que essa perspectiva de ensino tem ganhado corpo no Brasil.

O que parece ser de comum acordo dentre as diferentes perspectivas é que um ensino dito bilíngue vai além do aumento da carga horária e lança mão de abordagens e metodologias que o distinguem, por exemplo, do ensino de inglês como língua estrangeira. Apropriar-se dessas novas práticas é sem dúvida um crescimento profissional valioso.

Buscar o desenvolvimento pessoal

Antes de profissionais, somos seres humanos! A boa performance como professor ou gestor, por exemplo, não é resultante apenas da aplicação de técnicas, metodologias ou ferramentas de gestão.

Uma atuação eficiente em qualquer área é também decorrente de um equilíbrio maior, no qual entra em jogo questões de ordens físicas e emocionais. Temos uma tendência a compartimentalizar nossos diferentes papéis na vida, a despeito do fato de eles estarem em constante interrelação.

Atuar como professor demanda energia física para ficar em pé por algumas horas durante o dia, uma voz potente para que o último aluno da sala ouça, empatia para acolher as dificuldades de um determinado estudante etc. As demandas são muitas e complexas. É preciso estar bem como indivíduo para atuar bem profissionalmente.

Atividades como exercícios físicos, meditação, o aprendizado de um instrumento musical, a princípio desconectadas do campo profissional, podem trazer inúmeros benefícios diretos e indiretos para o trabalho diário.

Por fim, mas não menos importante, um profissional bem-visto é também aquele que consegue relacionar-se bem com seus colegas. A busca por um trabalho colaborativo e de crescimento coletivo deveria sempre fazer parte das nossas metas de desenvolvimento profissional.

 

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