Para fazer o melhor pela educação em 2020, começamos o ano com diversos planos.
Com nossas rotinas estruturadas, seguíamos a vida cumprindo tarefas e circulando pelos lugares, algumas vezes de modo tão automático que deixávamos de observar o que estava ao nosso redor ou de ouvir verdadeiramente o outro.
E de repente, tudo mudou por conta de uma pandemia que não estava em nossos planos, que não fazia parte de nossa rotina e que alteraria nossa forma de viver, pensar e nos relacionarmos uns com os outros.
Isolados em nossas casas, tendo contato físico apenas com os familiares mais próximos, tivemos que trazer para dentro do lar o trabalho, a escola, o parque, a ginástica, o restaurante.
A primeira tarefa foi dividir os espaços e o tempo entre todos, conhecer e respeitar a rotina e os hábitos de cada um e fazer combinados.
Sim, porque apesar de sermos da mesma família e morarmos juntos, cada um precisou trazer seu mundo para dentro de casa.
Sofremos para compartilhar as tarefas, as entregas, para adaptar espaços, para aprender a fazer tudo on-line, a ocupar um espaço que, apesar de estar presente em nossas vidas, para muitos ainda não era de todo habitado: o espaço virtual.
Enquanto todas essas mudanças ocorriam, éramos tomados por um mix de sentimentos: angústia, euforia, medo, coragem, incerteza, solidariedade, empatia, revolta, proatividade, prostração.
Começamos a adquirir novos hábitos: fazer pão e assistir a lives. Sim, uma enxurrada de lives acalmava nossa ansiedade e nos ajudava a viver a incerteza dos dias, sempre na esperança de que logo tudo voltaria ao normal. Mas que normal?
E no meio de tudo isso estava a escola. Como levar a rotina escolar para dentro das casas? É possível migrar do mundo presencial para o mundo virtual? O que fazer para garantir acesso para alunos e professores em um país tão desigual?
Cheios de incertezas, mas com muita vontade de inovar e buscar novos caminhos para garantir a aprendizagem de seus alunos, os professores fizeram um trabalho admirável, deixando de lado as dificuldades e superando os obstáculos para organizar a rotina escolar. Parabenizá-los é pouco perto de tudo o que fazem por nossas crianças e jovens.
E a sensação que tudo isso causou foi de que os dias passaram em uma velocidade absurda. E assim chega o final do ano.
Normalmente, final de ano é tempo de retrospectiva e listas de desejos. Neste caso, parece que quase ninguém quer relembrar o que viveu e que o único desejo da lista seja a vacinação de toda a população contra a COVID-19, trazendo a rotina de volta.
E é este ponto que precisamos rever. A educação em 2020 nos trouxe valiosos aprendizados, e 2021 não trará de volta a “normalidade”, porque ela não existe mais.
Este ano nos mostrou como as relações humanas são necessárias, como o toque é precioso, como um abraço é valioso. Tudo isso nos fez parar e observar o que a correria impedia, nos permitiu ouvir o que os ruídos da rotina não deixavam. Também nos mostrou o quanto somos resilientes e como a empatia é uma das mais importantes competências deste novo século.
Aprendemos a nos expressar pelo olhar. A situação nos levou a adotar formas variadas de comunicação e nos fez ocupar os variados espaços de aprendizagem: os imigrantes digitais verdadeiramente habitaram o mundo virtual. Aprendemos na prática que errar e acertar são consequências de quem faz, arrisca, experimenta. Que o importante da vida é vivê-la, senti-la, e que cada dia é um ano novo, uma nova oportunidade.
O ano de 2021 será um conjunto de “365 anos novos” que precisam ser sentidos, vividos e sonhados. Não podemos perder essa oportunidade.
Quanto ao trabalho na escola, também tivemos muitas conquistas e colocamos em prática diversas ações que devem ser revistas. Por isso, para começarmos o novo ano letivo, é preciso avaliar o que se viveu, analisar os resultados, enumerar as metas e planejar as novas ações.
Convide representantes da comunidade escolar (gestor, coordenador, docentes, funcionários, famílias e alunos) a descreverem como foi que viveram. Logo, é importante saber o que aprenderam e o que acham que precisam aprimorar.
Este é um instrumento precioso para que todos possam colocar suas impressões e sentimentos e para se desenhar como cada grupo viveu as experiências das aulas remotas, do distanciamento e das aprendizagens propostas.
Coordenador, convide sua equipe a elaborar um painel com os resultados desse levantamento, propondo soluções para as questões que causaram problemas e avanços para o que deu certo. Use post-its e abra espaço para esse painel e sua análise.
Assim, é importante que a escola invista em formação continuada e ferramentas para que o trabalho possa ser mais assertivo e significativo para todos.
Com o resultado das reflexões e a análise das sugestões, o estabelecimento de ensino precisará estudar quais ações devem ter metas estabelecidas:
Em 2020 fomos pegos de surpresa e houve necessidade de mudarmos nosso trabalho, sem a possibilidade de planejamento.
Para 2021, temos as experiências vividas ao longo deste ano, muito material produzido. Além de acesso a formação e a ferramentas, contamos com a possibilidade de planejarmos nossas ações.
Por isso, é hora de levantar o que fizemos, avaliar as conquistas e as dificuldades, definir metas e buscar novos caminhos.